LSD pode ajudar alcoólatras a parar de beber, dizem cientistas

18/03/2012 14:58

Uma única dose da droga alucinógena LSD poderia ajudar alcoólatras a parar de beber, segundo uma análise de pesquisas realizadas nos anos 60.

O estudo, publicado no Journal of Psychopharmacology, utilizou informações de seis experimentos envolvendo mais de 500 pacientes e concluiu que a droga teve um “efeito benéfico significativo” contra o abuso de álcool, que durou por vários meses depois que a substância foi utilizada. O LSD é uma das drogas alucinógenas mais fortes já identificadas, que aparentemente bloqueia uma substância química no cérebro, a serotonina, que controla funções como percepção, comportamento, fome e humor. Pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia analisaram estudos sobre a droga realizados entre 1966 e 1970. Todos os pacientes participavam de tratamentos contra o alcoolismo, mas alguns receberam uma única dose de LSD de entre 210 e 800 microgramas. No grupo de pacientes que usou a droga, 59% mostraram uma queda no consumo de bebidas alcoólicas em comparação com 38% no outro grupo.

Efeito duradouro

O efeito se manteve por seis meses após o consumo do alucinógeno, mas desapareceu após um ano. Aqueles que tomaram o LSD também apresentaram níveis mais altos de abstinência de álcool. Os autores do estudo, Teri Krebs e Pal-Orjan Johansen, concluíram, então, que o LSD tem um efeito benéfico importante no combate ao alcoolismo e disseram que doses mais frequentes podem ter um efeito mais permanente. “De acordo com as provas sobre o efeito benéfico fo LSD contra o alcoolismo, é difícil entender por que esta abordagem de tratamento foi amplamente ignorada”, eles afirmaram. Outros especialistas elogiaram o estudo, entre eles David Nutt, que já foi conselheiro do governo britânico sobre drogas e que defende um relaxamento das leis sobre drogas ilegais para permitir a realização de mais pesquisas.

“Curar a dependência de álcool requer enormes mudanças na maneira como você se vê. É isso que o LSD faz. É um efeito muito forte. É difícil encontrar algo com resultados tão bons. Provavelmente, não há nada melhor (para tratar alcoolismo)”, diz ele.

Fonte: BBC Brasil

Tags: ÁlcoolAlucinógenoDependência

Histamina é novo alvo para criação de drogas contra a esclerose múltipla

15/12/2011 11:59

 

Histamina pode ser uma molécula importante para o desenvolvimento de novos tratamentos para esclerose múltipla. A descoberta é de pesquisadores do Neurological Institute Foundation Carlo Besta em Milão, na Itália.

No estudo, os cientistas analisaram o papel da histamina em um modelo animal de esclerose múltipla e descobriram que a histamina desempenha um papel crítico na prevenção e na redução dos efeitos da doença.

“Esperamos que nosso estudo ajude a desenhar novas terapias para doenças auto-imunes e em particular a esclerose múltipla, para as quais ainda não existe uma cura definitiva”, disse a pesquisadora Roseta Pedotti.

A histamina é um neurotransmissor envolvido nas reações alérgicas e outros processos fisiológicos e patológicos. É mais conhecida pelo papel que desempenha nas reações de hipersensibilidade, como alergias, e geralmente trabalha dilatando os vasos sanguíneos e tornando as paredes dos vasos permeáveis para que as células do sistema imunológico possam se mover mais facilmente.

Os cientistas estudaram os efeitos diretos da histamina e de duas moléculas semelhantes que se ligam especificamente sobre os receptores de histamina 1 ou 2. Usando um modelo de rato com esclerose múltipla os investigadores geraram linfócitos T causadores de esclerose e, em seguida, trataram essas células com histamina ou com as duas outras moléculas.

Os efeitos desses tratamentos foram avaliados através da análise da função da célula T, incluindo proliferação, produção de citocinas, ativação de vias de sinalização intracelular e adesão a vasos cerebrais.

Os resultados mostraram que a histamina reduziu a proliferação de linfócitos T auto-reativos da mielina e a produção de interferon-gama, uma citocina essencial implicada na inflamação do cérebro e na desmielinização. Além disso, a histamina reduziu a capacidade linfócitos T auto-reativos da mielina para se aderir a vasos cerebrais inflamados, um passo crucial para o desenvolvimento de esclerose múltipla.

“Esta pesquisa é muito interessante por várias razões. Primeiro, ela aponta para a conexão inesperada entre os caminhos envolvidos na auto-imunidade e na alergia e sugere ligações não reconhecidas anteriormente entre esses diferentes tipos de respostas imunes. Em segundo lugar, como estender os estudos em modelos animais para humanos é mais trabalhoso, esses dados apontam substancialmente para um novo alvo potencial para medicamentos contra a esclerose múltipla, doenças auto-imunes e doenças do sistema nervoso central “, observou John Wherry, vice-editor do Journal of Leukocyte Biology, onde o estudo foi publicado.

Tags: Auto-imuneEsclerose múltiplaHistaminaInflamação

Armadilha para o HIV

29/11/2011 15:41

Medicamento em desenvolvimento na UFRJ promete revolucionar tratamento da Aids.

Uma planta usada na medicina tradicional contra o câncer é a nova esperança de uma terapia mais eficaz contra a Aids. Em desenvolvimento por um grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Laboratório Kyolab, de Campinas, uma droga se mostrou promissora em testes in vitro e deve começar a ser testada em animais já no ano que vem. Se os resultados se mantiverem iguais aos já obtidos, dizem os especialistas, será uma grande revolução no tratamento da doença.

Especializado em fitoquímica de medicamentos, o laboratório de Campinas conseguiu isolar numa planta natural do Piauí uma molécula considerada superativa. A linha de pesquisa incluía originalmente testar sua atividade contra alguns tipos de câncer (para os quais já se encontra em fase II de testes), uma vez que era com esse fim que a planta era usada na medicina tradicional. Resolveu-se também testá-la contra o HIV.
“Começamos a estudar suas propriedades contra o HIV e descobrimos coisas interessantíssimas”, afirmou o chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da UFRJ, Amilcar Tanuri.

Atualmente, o tratamento padrão contra Aids é feito com o coquetel de drogas. Essa combinação de medicamentos mantém as pessoas saudáveis porque impede a replicação do vírus no sangue. Entretanto, se o tratamento for suspenso, em menos de uma semana o vírus volta a se multiplicar.

Isso acontece porque, embora as drogas bloqueiem a replicação no sangue, o vírus consegue se “esconder” no interior de algumas células, onde se replica muito lentamente, ficando num estado de latência. Mas, quando a medicação no entorno desaparece, ele volta a se multiplicar normalmente, fazendo com que a doença retorne.
“A molécula isolada no laboratório de Campinas consegue ativar esse HIV que está latente. Ela quebra a latência do vírus, que começa a se multiplicar e sai das células (onde estava “escondido”). Quando isso acontece, o coquetel consegue eliminá-lo”, explica Tanuri.

Essa abordagem no desenvolvimento de drogas é inédita. Nos Estados Unidos vários estudos estariam tentando, ainda sem sucesso, encontrar maneiras de tirar o HIV da latência.
“Nenhum medicamento disponível atualmente alcança dentro das células de latência”, explica o diretor do Kyolab, Luiz Pianovsky. A abordagem é inédita, superinovadora e pode inclusive vir a ser a cura da Aids, dependendo ainda de alguns fatores.

De acordo com os cientistas envolvidos no projeto, mais de 2 milhões de moléculas já teriam sido testadas em laboratórios internacionais sem nunca se conseguir achar uma que fosse ativa contra o vírus da Aids.

“Trata-se de um grande esforço internacional, e tivemos a sorte de ter uma planta com uma molécula bioativa”, comemora Amilcar Tanuri, acrescentando que o estudo brasileiro está sendo submetido para publicação no periódico internacional “Aids”. “É uma droga-chave para uma tentativa futura de curar o paciente.”

Mesmo que não se conseguisse a cura total, explicam os cientistas, a droga poderia ser crucial para suprimir a circulação do vírus no organismo por muito mais tempo do que os atuais remédios. “Não há nada no mundo que atue dessa maneira. Há alguns produtos para outras funções, mas com potência muito menor do que essa”, ressalta Pianovsky.

Os estudos ainda estão em fase inicial e são necessárias ainda várias etapas de testagem, entre elas a toxicologia. A planta original, de onde a molécula foi extraída, é extremamente tóxica. “Os resultados obtidos in vitro, no entanto, já demonstram que a toxicidade não é tão alta”, disse Pianovsky.

O próximo passo dos cientistas é testar o medicamento em macacos rhesus antes de passar para testes em seres humanos. Ainda há um longo caminho a percorrer e não há previsão para a finalização da droga. Mas os especialistas afirmam que, se tudo der certo, seria um dos maiores avanços em muitos anos.

Fonte: (O Globo – 18/11)

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