Anticoagulantes são seguros para pacientes cancerosos com metástases no cérebro

28/05/2015 18:53

Anticoagulantes são seguros para pacientes cancerosos com metástases no cérebro Mário Brasil/Agencia RBSCâncer e trombose

O câncer aumenta o risco dos pacientes desenvolverem coágulos sanguíneos. Quando um paciente com câncer desenvolve coágulos, um medicamento anticoagulante precisa ser adicionado ao seu regime de tratamento para prevenir uma complicação muitas vezes fatal, que é a de um coágulo se alojar nos pulmões.

Contudo, se o câncer se espalha para o cérebro, os médicos têm receio de acrescentar o anticoagulante. As metástases no cérebro, por si só, são causadoras de hemorragias e, com o uso de anticoagulantes, pode piorar ainda mais esse risco.

Essa tarefa de prevenir os perigosos coágulos e ao mesmo tempo evitar hemorragias fatais, é um grande desafio para os especialistas em pacientes com metástases no cérebro. Até recentemente, não havia estudos investigando se os anticoagulantes poderiam ser seguros nesses pacientes.

Porém, uma publicação desta semana no jornal Blood, da Sociedade Americana de Hematologia, afirma que pacientes com câncer e metástases cerebrais podem receber anticoagulantes, sem que isso aumente o risco de hemorragias cerebrais perigosas.

Revisando os registros

Com o objetivo de determinar se a administração de medicamento anticoagulante para pacientes com metástases cerebrais e coágulos sanguíneos aumenta o sangramento, os cientistas pesquisaram os registros médicos de 293 pacientes, 104 dos quais haviam recebido um anticoagulante muito comum, a enoxaparina.

Os outros 189 pacientes não receberam tratamento anticoagulante. Os pacientes de cada grupo foram comparados pelo ano em que tiveram o diagnóstico de metástase, pelo tipo de tumor, idade e sexo.

Baseado nisso, os pesquisadores concluíram não haver diferença no risco de sangramento entre os pacientes que receberam enoxaparina e aqueles que não receberam. O número de pacientes com hemorragias na cabeça no grupo com enoxaparina foi de 44%, contra 37% no grupo que não recebeu anticoagulante.

Ou seja, praticamente a mesma coisa.

Mais confiança

Na verdade, os investigadores confirmaram que existe sim uma elevada taxa de sangramento em qualquer paciente com metástases cerebrais (entre 20-50%).

Porém, embora seja muito comum pacientes com metástases no cérebro e que também desenvolve coágulos no sangue, antes deste estudo não havia muita informação para ajudar os médicos a tomarem a difícil decisão de administrar ou não os anticoagulantes nesses pacientes.

Os resultados desse estudo devem tranquilizar os especialistas a respeito dos anticoagulantes, pois estes não aumentam os riscos de hemorragias nesses doentes.

 

Carlos Rogério Tonussi

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