Identificação dos tipos de gordura do corpo permitirá novos tratamentos para a obesidade e o diabetes

11/09/2014 17:18

obesidadeBege ou marrom, branco não

Os adipócitos (células de gordura) branco, marrom e bege, são diferentes entre si. Cada uma dessas células tem funções diferentes e cada uma desempenha seu próprio papel no metabolismo.

No corpo humano, os adipócitos brancos estão presentes em maior quantidade. Sua função primária é estocar energia. Por outro lado, os adipócitos marrons utilizam a energia disponível para gerar calor, mas só são encontrados em poucos lugares no corpo do adulto.

Os adipócitos bege, representam um tipo especial de adipócitos marrons e aparecem misturados com estes, mas podem se desenvolver também no meio dos adipócitos brancos, especialmente sob a influência do frio, como sugerem estudos em ratos de laboratório.

Uma pesquisa publicada recentemente conseguiu distinguir estes diferentes adipócitos com base em suas proteínas de superfície. Essas proteínas funcionam como os desenhos de uma roupa, e permitem distinguir esses tecidos e também que se desenvolvam drogas que se liguem especificamente nelas.

Este é um grande passo para uma nova forma de tratar aqueles que sofrem com obesidade e diabetes.

O lado bom e o lado mal da gordura

A obesidade está associada ao favorecimento do diabetes tipo 2 (não dependente de insulina) e outros problemas metabólicos e cardiovasculares. Para amenizar as consequências da ingestão e armazenamento excessivo de calorias, a medicina moderna está buscando novas maneiras de aumentar o uso de energia para reduzir o peso corporal.

Por causa da sua função como aquecedor do corpo, o tecido adiposo marrom tem a capacidade de queimar grandes quantidades de energia que de outra maneira seria estocada no tecido adiposo branco como gordura. Por essa razão, a ativação do tecido adiposo marrom usando drogas parece uma forma interessante de tratar a obesidade e as doenças que resultam dela, tais como o diabetes tipo 2.

A quantidade de tecido adiposo marrom varia muito de um indivíduo para outro, e até agora não era possível determinar sua proporção de forma confiável. A identificação de suas proteínas de superfície, porém, permite uma forma precisa de estimar essa quantidade. Além disso, torna possível entregar substâncias seletivamente nesse tecido, mirando nessas proteínas.

Queimar o pneuzinho sem parar de comer?

A ativação do tecido adiposo marrom é atualmente uma das mais promissoras formas de combater a adiposidade*, abrindo novos caminhos para reduzir o excesso de peso, sem reduzir a ingestão de calorias! É por isso que a cada dia são publicadas novas pesquisas nessa área descrevendo mecanismos em potencial para ativar ou aumentar esse tecido adiposo em particular.

Porém, transportar esses resultados de pesquisa para a prática médica muitas vezes não dá certo, porque muitos desses mecanismos propostos também tem importantes funções em outros órgãos, e alterá-los resultaria em efeitos colaterais sérios.

A pesquisa publicada agora representa uma abordagem inovadora para esse problema, porque esses marcadores de superfície são muito específicos para cada tipo de gordura e diferentes das de outros órgãos. Assim, os cientistas esperam que o desenvolvimento desse trabalho permita produzir drogas que atuem apenas nesse tecido adiposo marrom e, por isso, com reduzidos efeitos colaterais.

Informações adicionais

*Adiposidade: também chamada de obesidade; é uma doença nutricional e metabólica que é caracterizada pelo aumento excessivo da gordura corporal e com prejuízo sério da saúde. Normalmente é causada pela hiperfagia (comer demais) e falta de exercício, e facilitada por fatores hereditários. Pacientes obesos também tem maiores chances de ter diabetes tipo 2.

Artigo original:
Publicado no jornal Science Translational Medicine.

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