Estudo mostra que cocaína muda estrutura do cérebro em duas horas

27/08/2013 11:39

Os pesquisadores da Universidade da Califórnia fizeram experimentos com camundongos, que receberam injeções com cocaína.

Eles constataram que, apenas duas horas após receber a primeira dose, as cobaias já haviam desenvolvido no cérebro novas estruturas que são ligadas à memória, ao uso de drogas e a mudanças de comportamento.

Os camundongos que tiveram as maiores alterações no cérebro revelaram ter uma dependência mais elevada de cocaína, mostrando que, segundo especialistas, o cérebro deles estava “aprendendo o vício”.

A pesquisa foi divulgada na publicação científica Nature Neuroscience.

Os cientistas investigaram nas cobaias o surgimento de pequenas estruturas nas células do cérebro chamadas espinhas dendríticas, que têm relação profunda com a formação das memórias.

Um microscópio a laser foi usado para olhar dentro do cérebro dos camundongos, ainda vivos, para procurar por espinhas dendríticas após eles receberem doses de cocaína. A mesma análise foi feita em camundongos que, em vez de injeções com cocaína, receberam injeções com água.

O grupo que recebeu cocaína apresentou uma maior formação de espinhas dendríticas, o que indica que mais memórias, relacionadas ao uso da droga, foram formadas.

A pesquisadora Linda Wilbrecht, professora assistente de psicologia e neurociência da Universidade da Califórnia na cidade de Berkeley, disse: “Nossas imagens fornecem sinais claros de que a cocaína induz ganhos rápidos de novas espinhas, e quanto mais espinhas os camundongos ganham, mais eles mostram que ‘aprenderam’ (o vício) sobre a droga”.

“Isso nos mostra um possível mecanismo ligando o consumo de drogas à busca por mais drogas.”

“Essas mudanças provocadas pela droga no cérebro podem explicar como sinais relacionados à droga dominam o processo de tomada de decisões em um usuário humano”.

O pesquisador Gerome Breen, do Instituto de Psiquiatria do King’s College de Londres, ressaltou que “o desenvolvimento da espinhas dendríticas é particularmente importante no aprendizado e na memória”.

“Este estudo nos dá um entendimento sólido de como o vício ocorre – ele mosta como a dependência é aprendida pelo cérebro.”

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Cientistas descobrem gene da ‘bebedeira’

05/12/2012 09:24

O gene, conhecido como RASGRF-2, eleva o nível de substâncias químicas presentes no cérebro associadas à sensação de felicidade e acionadas com a ingestão de bebidas alcoólicas, informou a revista científica PNAS.

A equipe de pesquisadores, formada por especialistas da Universidade King’s College, de Londres, descobriu que animais que não possuíam a variação do gene tinham menos “desejo” por álcool do que aqueles que apresentavam tal alteração.

O estudo também analisou exames de ressonância magnética dos cérebros de 663 adolescentes do sexo masculino.

O mapeamento revelou que em portadores da versão do gene associada à “bebedeira”, todos com 14 anos de idade, havia uma atividade maior em uma parte do cérebro chamada estriado ventral, conhecida por liberar dopamina, substância associada à sensação de prazer.

Quando os pesquisadores questionaram os adolescentes sobre seus hábitos de consumo de álcool dois anos depois, descobriram que aqueles que tinham a variação do gene RASGRF-2 bebiam mais frequentemente.

Contudo, o responsável pelo estudo, Gunter Schumann, explicou que ainda não há provas contundentes de que o gene, sozinho, provocaria a compulsão alcoólica, uma vez que outros fatores ambientais e genéticos também estão envolvidos.

Ele ressaltou, por outro lado, que a descoberta é importante porque joga luz sobre os motivos pelos quais algumas pessoas tendem a ser mais vulneráveis ao álcool do que outras.

“Nosso estudo indica que talvez este gene regule a sensação de bem estar que o álcool oferece para determinados indivíduos”, explicou.

“As pessoas buscam situações que provoquem tal sensação de ‘recompensa’ e deixem-nas felizes. Portanto, se o seu cérebro for condicionado a atingir tal estágio por meio do álcool, é provável que sempre procure essa estratégia afim de alcançar tal meta”.

“Agora nós entendemos a cadeia da ação: como os genes moldam a função em nossos cérebros e como que, em contrapartida, isso afeta o comportamento humano”.

“Nós descobrimos que o gene RASGRF-2 tem um papel crucial em controlar como o álcool estimula o cérebro a liberar dopamina e, em seguida, ativa a sensação de recompensa”.

“Portanto, para as pessoas que têm a variação genética do gene RASGRF-2, o álcool lhes proporciona uma maior sensação de recompensa, levando-as a se tornar beberrões”.

Schumann reiterou, entretanto, que mais provas são necessárias para comprovar sua teoria. Ele alertou que o estudo analisou apenas adolescentes do sexo masculino e de uma determinada idade, o que dificultaria estabelecer tendências de consumo de bebidas alcoólicas ao longo prazo.

Ele disse que, no futuro, pode ser possível realizar testes genéticos para ajudar a prever quais pessoas estão mais propensas ao consumo excessivo de álcool.

As descobertas também abririam caminho a novas drogas que bloqueiam o efeito de recompensa que algumas pessoas têm após ingerir bebida alcoólica.

Por outro lado, Dominique Florin, da entidade britânica Medical Council on Alcohol, faz um alerta.

“É provável que haja um componente genético relacionado ao consumo exagerado de álcool, mas isso não quer dizer que se você tiver o gene, você não pode beber, enquanto se você não o tiver, você pode beber o quanto quiser”.

 

Fonte: BBC Brasil

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