A Fosfoetanolamina não é citotóxica: isso é bom ou ruim?

21/03/2016 23:47

Na sexta-feira 18 de março, foram liberados os mais recentes resultados sobre os testes com a fosfoetanolamina, a Pílula do Câncer, realizados por laboratórios credenciados de Florianópolis e de Fortaleza (CE). A conclusão é que a fosfoetanolamina não é citotóxica para células cancerígenas cultivadas em tubos de ensaio. Isso quer dizer que a substância não mata as células cancerígenas diretamente. Veículos de imprensa e cientistas de plantão nas redes sociais dizem que isso é um fracasso para a substância que muitos desejam que seja um medicamento contra o câncer. Mas será que é mesmo?

Na verdade esses resultados já eram esperados, pois segundo seus criadores, a fosfo não age matando as células diretamente. E isso é bom. Os quimioterápicos que fazem isso também causam sérios efeitos colaterais nos pacientes.

Não é tóxica, ainda bem!

Juntando todos os testes patrocinados pelo governo até agora, o que sabemos com segurança sobre a fosfoetanolamina é que ela tem baixo potencial para causar efeitos tóxicos nas pessoas, não causa danos ao DNA das células e que não é citotóxica para alguns tipos de células cancerígenas cultivas em laboratório.

A fosfoetanolamina foi testada em células de adenocarcinoma de próstata, carcinoma colorretal, glioblastoma, melanoma e carcinoma de pâncreas. Ela não foi capaz de matar nenhuma destas células. Nesses testes, os quimioterápicos normalmente utilizados no tratamento do câncer, como a doxorrubicina, gencitabina e cisplatina mataram as células cancerosas. Porém, ainda são necessários realizar testes em animais com tumores de verdade para tirar melhor conclusão.

Testes in vivo

Os pesquisadores que testaram a fosfoetanolamina ressaltam que os testes feitos até agora não querem dizer que a droga não funciona contra o câncer. Querem dizer apenas que ela não age matando as células cancerígenas diretamente. Mas é possível que a substância dependa de outros mecanismos para funcionar. Mecanismos que não podem ser reproduzidos em tubos de ensaio. Por isso, agora, os pesquisadores vão avaliar a capacidade antitumoral da fosfoetanolamina em ratos e camundongos com tumores cancerígenos. Uma grande diferença entre os testes em tubos de ensaio e os testes feitos em animais é que nos animais temos o sistema imunológico completo funcionando. E o sistema imunológico é muito importante para combater os tumores. Os criadores da fosfoetanolamina sintética apostam que a substância funcione marcando as células cancerosas para que sejam removidas pelo sistema imunológico. Se isto é verdade ou não, parece que só saberemos no próximo capítulo!

De qualquer forma, na terça-feira 22 de março, o Senado aprovou o projeto de lei que autoriza pacientes com câncer a usarem a a fosfoetanolamina sintética. O projeto agora segue para ser sancionado pela Presidente Dilma. Os dados oficiais podem ser encontrados neste endereço: http://www.mcti.gov.br/relatorios-fosfoetanolamina

Carlos Rogério Tonussi

Tags: CâncerDNAFosfoetanolaminaIdoso