Células jovens de cartilagem protegem o peixe paulistinha contra a artrite!

21/01/2016 16:01

A artrite envolve a perda de um tipo especial de cartilagem que reveste as articulações. Enquanto outras cartilagens do corpo endurecem com a idade, as das articulações devem permanecer macias, flexíveis e jovens através da vida. A artrite é a principal causa de incapacitação por doença no mundo.
Um dos seus aspectos centrais é que essa flexibilidade das cartilagens das articulações é perdida, muitas vezes virando osso, o que gera muita dor devido ao atrito osso/osso nesse local. Um gene do DNA do peixe paulistinha parece responsável por protegê-lo contra a artrite, mantendo suas cartilagens jovens, de acordo com um estudo publicado na revista Developmental Cell.

Saindo do aquário

Os paulistinhas (Danio rerio) são as novas vedetes da ciência biomédica. Nesse estudo, os pesquisadores examinaram a articulação hioide da mandíbula desse peixinho, que é um modelo miniaturizado para o estudo de articulações. Ela é composta de somente algumas dezenas de células nos embriões desses peixinhos e são praticamente transparentes, por isso, seu desenvolvimento pode ser acompanhado ao vivo e a cores em microscópios especiais. Sem um gene específico, a mandíbula do peixinho cresceu com o tipo errado de cartilagem.

Ela se tornava endurecida, à medida que envelheceu. Mas o que é que tem a ver esse peixinho de aquário com a artrite? Na verdade, descobriu-se que esses genes também existem em mamíferos como nós, e com funções semelhantes de manter as células da cartilagem jovens. Essa descoberta pode levar a novos tratamentos para a artrite, baseados em reprogramação genética de células-tronco.

DNA semelhante

Os pesquisadores identificaram que o gene Irx7, da família de genes chamados Irx, é particularmente expresso na articulação hioide do paulistinha. Sua função, deduzida pelo silenciamento seletivo desse gene, parece ser controlar a produção de matriz cartilaginosa. Pode ser que algumas formas de artrite sejam causadas por mutações nos genes Irx em humanos.

As tentativas de tratar algumas formas de artrite com células-tronco, não funcionaram porque estas células acabam virando osso, depois que são colocadas nas articulações dos doentes. Com as novas descobertas, talvez seja possível reprogramar as células-tronco para expressarem mais Irx, de forma que essas células se mantenham jovens depois de transplantadas em pacientes.

Carlos Rogério Tonussi
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