Bactérias probióticas podem ajudar a combater a ansiedade e problemas de memória

29/10/2015 16:50

Cuca fresca

Uma cápsula diária de bactérias probióticas pode ajudar as pessoas a lidar com problemas leves de ansiedade e de memória, de acordo com um pequeno estudo realizado em homens saudáveis.

Aqueles que tomaram as cápsulas de bactérias por um mês relataram menos estresse e ansiedade, e tinham níveis mais baixos de cortisol, o hormônio do estresse, do que quando eles tomaram um placebo em vez disso.

O probiótico também favoreceu nos testes de memória, disse Ted Dinan, chefe de psiquiatria da University College Cork, na Irlanda.

Os resultados são preliminares e devem ser confirmados em mais pessoas, mas sugerem que a estirpe inofensiva das bactérias Bifidobacterium longum pode ter um efeito benéfico sobre a função cerebral.

Um bilhão de amigos

No estudo, 22 homens saudáveis tomaram uma cápsula diária contendo um bilhão dessas bactérias probióticas por um mês, e depois trocavam para um placebo durante mais um mês, ou vice-versa. Nenhum deles sabiam qual pílula estavam recebendo.

No início, e depois do primeiro e segundo meses, os seus níveis de estresse e memória foram testados, juntamente com a atividade cerebral por meio eletroencefalograma.
Ingerindo o probiótico, os participantes tinham menos ansiedade e maior capacidade de memorizar, disse Dinan, que liderou o estudo.

Os resultados foram divulgados no Congresso da Sociedade de Neurociência, em Chicago, no domingo dia18 de Outubro.

Uma pesquisa anterior já havia mostrado que o probiótico melhorava a memória, e tinha efeito antidepressivo em ratos. Confirmando que o estudo pré-clínico em roedores foi preditivo para o efeito clínico em humanos.

Feitos um para o outro

Bifidobacterium longum é uma das centenas de espécies de bactérias que vivem no intestino. Muitos vivem simbioticamente lá, ganhando energia a partir de substâncias absorvidas no intestino. Mas eles fazem trabalhos úteis para seus hospedeiros, como ajudar a digestão, treinando o sistema imunológico, e manter as bactérias nocivas à distância.

Dinan disse que são necessários mais estudos para entender como o B longum exerce efeito no cérebro, mas uma possibilidade é que as bactérias liberem substâncias que ativam o nervo vago, que liga o intestino ao cérebro. Outra possibilidade é que as substâncias químicas que liberam podem ser absorvidas pelo sangue e atingir o cérebro dessa forma.A relação entre os seres humanos e os micróbios de seu intestino é tão importante, que é como se um tivesse sido feito para o outro.

— As bactérias produzem substâncias químicas e alguns deles são neuroativos. Nossos corpos claramente precisam deles, mas não temos a capacidade de produzi-los nós mesmos — disse Dinan.

— Por sua própria natureza, os probióticos são bactérias seguras, e se nós pudermos determinar aqueles que têm benefícios para a saúde mental, isso seria um grande avanço para a neurociência e psiquiatria. Minha esperança é que nos próximos cinco anos teremos um probiótico ou dois no mercado que vai ser eficaz para tratar formas leves de ansiedade e depressão — acrescentou ele.

Carlos Rogério Tonussi

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