Revirando os intestinos em busca de tratamentos mais saudáveis

01/10/2015 16:32

Tornando fezes em ouro

Os transplantes fecais (isso mesmo, transplante de cocô) para o tratamento de doenças do intestino foram as primeiras terapias baseadas na ideia de que as colônias de micro-organismos humanos estão inseparavelmente ligadas com a nossa saúde.

Agora, a medida que os cientistas estão indo além para dar corpo a essa ideia, dúzias de companhias farmacêuticas e de biotecnologia estão se movendo e investigando novas possibilidades terapêuticas, de acordo com a matéria de capa da revista Chemical & Engineering News (C&EN), uma publicação semanal da Associação Química Americana.

Comunidade de respeito

A matéria da revista destaca que o microbioma humano consiste de cerca de 100 trilhões de bactérias dentro e na superfície de nossos corpos. Elas ajudam na digestão dos alimentos e a regular os níveis de açúcar no sangue, transformam nutrientes em vitaminas que nossos corpos podem usar, e enviam sinais para nosso sistema imunológico.

Que os desequilíbrios nessa comunidade de micro-organismos está associado à doenças, já sabemos. Mas os cientistas ainda precisam estabelecer se esses desequilíbrios podem causar as doenças ou são apenas o resultado delas.

Das tripas, coração…

A despeito da falta de uma resposta definitiva para esta questão, muitos pesquisadores estão otimistas que o conhecimento sobre nossas comunidades de micróbios levarão à novos tratamentos. Alguns medicamentos direcionados para o tratamento de infecções intestinais e, também, para o transtorno do cólon irritável, já estão no início dos testes clínicos.

E indo além desses alvos iniciais, os cientistas planejam aprofundar seu conhecimento sobre nosso microbioma _ como ele muda com a idade, suas alterações ao longo do intestino e locais de doença _ para tentar abordar doenças ainda mais complexas como o diabetes e a obesidade.

Carlos Rogério Tonussi

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