Testes de drogas em cães de estimação com câncer podem acelerar avanços na oncologia humana

18/06/2015 18:48

Salvando dois cães de uma vez

Em um encontro promovido pelo Fórum de Política Nacional do Câncer dos Estados Unidos, o Dr. Timothy Fan, professor de medicina clínica veterinária da Universidade de Illinois, e 15 outros especialistas na área descreveram os benefícios do uso de cães de estimação para testes de drogas contra o câncer.

Apenas nos Estados Unidos, existem cerca de 70 milhões de cães de estimação e cerca de 25% deles irá desenvolver algum tipo de câncer em sua vida. Cães de estimação ajudam a desenvolver medicamentos para as pessoas, mas ao mesmo tempo ajudam a desenvolver tratamentos mais eficazes para sua própria cura.

E, assim, sem precisar criar cães de laboratório, que geralmente são sacrificados ao final dos experimentos. Os cães de estimação são ótimos sujeitos para esses estudos, disse Fan. Eles tendem a desenvolver o câncer na velhice, assim como as pessoas. As diferenças entre eles é similar ao que se observa entre os humanos e, o tamanho e a velocidade de crescimento dos tumores são parecidos.

Uma realidade

A partir de 2007, Fan começou a testar uma droga anticâncer chamada PAC-1, em cães de estimação que desenvolveram naturalmente linfomas e osteossarcomas. Os resultados permitiram aos cientistas avançar contra canceres humanos também, e a droga está agora em fase I de ensaios clínicos.

Outros fármacos experimentais que foram testados em cães com câncer, incluem o tripeptídeo de muramila, um agente imuno-estimulante. Esta droga é um exemplo de agente que não poderia ser testada em ratos de laboratório com tumores induzidos artificialmente, pois esses animais são imunodeficientes.

Em um outro exemplo uma empresa produziu um pró-fármaco, que tem de ser ativado por uma enzima que ocorre naturalmente em leucócitos humanos antes de se tornar eficaz. Camundongos e ratos não têm esta enzima, mas os cães têm, de modo que só o teste em cães permitiu seu desenvolvimento.

Limitados mas ainda necessários

Apenas cerca de um em cada 10 agentes que mostram ótima atividade em camundongos irá mostrar atividade semelhante em seres humanos. Dr. Fan pondera que essa taxa de sucesso tão baixa pode ser porque a formação de câncer nesses camundongos é muito artificial, muito acelerada, e no contexto de um sistema imunológico incompetente.

Porém, camundongos e ratos provavelmente serão sempre utilizados em ensaios pré-clínicos de medicamentos para câncer, pois oferecem algumas vantagens significativas. Eles são baratos para se manter, seu tempo de vida é mais curto, e as manipulações genéticas destes animais podem produzir características específicas e uniformes. Essa homogeneidade genética permite aos pesquisadores identificar com mais precisão como uma droga está funcionando. E conclui o cientista, “se o agente em teste produz resultados positivos em cães, isso me dá mais confiança de que eles funcionarão também em pessoas.”

Carlos Rogério Tonussi
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