Tratamentos para a dor crônica não cancerosa aumenta o risco de superdosagens fatais

26/02/2015 10:42
17247286Faz sete anos desde que o ator Heath Ledger, com apenas 28 anos, foi encontrado morto em seu apartamento em Manhattan. O médico legista determinou que Ledger morreu de “intoxicação aguda” por seis tipos de analgésicos, pílulas para dormir e medicamentos contra ansiedade. A maioria das overdoses de drogas não são intencionais. As pessoas com dor crônica não querem acabar com suas vidas. Mas eles estão tomando uma grande quantidade de drogas perigosas. Estas incluem analgésicos opioides, como hidrocodona, que muitas vezes são prescritos juntamente com sedativos hipnóticos, como o alprazolam e o zolpidem. Muitos pacientes recebem ainda prescrição de antidepressivos, para tratar seus transtornos de dor e humor.
Coquetel mata-dor

Dois novos estudos publicados recentemente no The Journal of Pain e no The Journal of General Internal Medicine alertam sobre os riscos enfrentados pelos pacientes que tomam esses coquetéis de medicamentos. Analisando dados de 200 mil pacientes que receberam pelo menos duas prescrições de opioides para dor não oncológica entre 2009 e 2012, os pesquisadores descobriram que uma dose equivalente a 100 mg do opioide morfina por dia aumenta muito o risco de overdose.Mesmo doses mais baixas do opioide são perigosas se o paciente receber o equivalente a 1,8 gramas de morfina, ao longo de seis meses, pois ele corre quase o mesmo risco de overdose de alguém que toma uma única dose muito alta. Além disso, o risco de overdose aumenta muito mais para pacientes que além de opioides estão tomando sedativos e antidepressivos em combinação – o tipo de coquetel que matou Ledger.

Tratamento não medicamentoso

Uma realidade preocupante é que pacientes de baixa renda correm mais riscos de intoxicação por drogas. Pois essas pessoas têm menos acesso a terapêuticas não medicamentosas.

Entre as ações que podem ajudar as pessoas a melhorar a funcionalidade e reduzir a dor estão o acompanhamento para perda de peso, alongamento, caminhada, exercícios, yoga e massagem. Porém, o acesso a estes serviços para população de baixa renda é muito pobre atualmente, enquanto o acesso a medicamentos tem sido bastante melhorado nos últimos anos. Ou seja, uma medicina apenas baseada em drogas, está criando outros problemas graves de saúde.

Carlos Rogério Tonussi
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