Injeção de tramadol na medula espinhal pode ser opção para certos casos de artrite

13/02/2017 18:59

Dentre as desordens articulares com maior impacto na sociedade, incluem-se a osteoartrite, a artrite reumatoide, as espondiloartropatias (artrite reativa), a osteoporose, as desordens espinhais e o trauma em membros. A osteoartrite é a forma mais prevalente, chegando a acometer 30% da população adulta, a artrite reumatoide cerca de 1% e as artrites reativas, pertencentes ao grupo das espondiloartropatias, 0,5% da população mundial.

Essas condições causam grande impacto social, médico e econômico, sendo também a causa mais comum de dor e incapacidade física. Com o envelhecimento da população, todos esses problemas articulares tendem a aumentar proporcionalmente. Os tratamentos incluem desde exercícios físicos e mudanças no estilo de vida, passando pelos medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, chegando até aos procedimentos de infiltração articular e cirurgias. Porém um estudo recente feito na Universidade Federal de Santa Catarina, sugere que uma droga já bastante conhecida, poderá ser de grande ajuda no futuro.

Ratos primeiro!

Em sua pesquisa para a obtenção do título de mestrado, a médica veterinária Débora Callado conseguiu mostrar que o analgésico tramadol tem efeitos não apenas na dor articular, mas também tem propriedade anti-inflamatória. A pesquisadora utilizou dois modelos de inflamação articular em ratos de laboratório e observou que tanto o tratamento por via oral desse analgésico, como a aplicação direta na medula espinhal foram efetivos em reduzir a dor e o inchaço das articulações. Porém a aplicação na medula espinhal foi mais eficaz.

Ratos de laboratório são boas cobaias para estudos farmacológicos de inflamação, pois o sistema imunológico destes animais são muito parecidos com o dos humanos. Esse estudo foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFSC, no laboratório coordenado pelo autor desta coluna, e apresentado no início de fevereiro.

Droga conhecida

O tramadol é um analgésico de potência moderada bastante utilizado na clínica, principalmente depois de cirurgias. Normalmente ele é aplicado diretamente na veia ou por via oral. O inconveniente com essas vias de aplicação é que a droga se distribui por todo o corpo e geralmente causa alguns efeitos indesejados como, constipação intestinal, dificuldade para urinar e sonolência, só para citar alguns. Se aplicada diretamente na medula espinhal, como sugerido por este estudo, a quantidade de droga utilizada pode ser de 100 a 1000 vezes menor.

Por isso, os efeitos indesejados podem ser bem menores ou até inexistentes. O que é muito interessante para pacientes com artrite que precisarão tomar medicações o resto de suas vidas para controlar a doença. A expectativa dos pesquisadores é levar esse estudo para a clínica em breve.

Carlos Rogério Tonussi
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