Tem novidades sobre droga anticancerígena

10/04/2017 21:59

Pesquisadores na Suíça e em Singapura descobriram que o tratamento de tumores cancerígenos realizado com uma droga antitumoral foi mais eficaz quando associado a uma droga utilizada para o tratamento de doenças reumáticas. A explicação para esse fenômeno pode ser porque muitas vezes as drogas não atuam em apenas um único local, mas também podem afetar outros pontos não relacionados com a doença.

Por exemplo, um fármaco ao se ligar e ativar um determinado receptor, poderia também se ligar e bloquear uma enzima. Essas atividades fora do local específico frequentemente pode trazer efeitos secundários indesejáveis, mas às vezes também podem trabalhar juntas de forma benéfica.

AMIGAS-SECRETAS

No estudo mencionado acima, os pesquisadores associaram um medicamento anticancerígeno denominado RAPTA-T, um composto de rutênio que provoca a morte de células cancerosas interrompendo o crescimento de tumores e o espalhamento do câncer, com a droga auranofina, um composto de ouro que possui um mecanismo de ação totalmente diferente do RAPTA-T, sendo normalmente utilizada para tratar doenças como a artrite reumatoide. A auranofina sozinha apresenta um fraco efeito anticancerígeno.

O objetivo do grupo de pesquisadores foi verificar se a associação entre RAPTA-T e a auranofina poderia promover um efeito sinérgico na capacidade de matar as células cancerosas tumorais.

UNIÃO FAZ A FORÇA

Os pesquisadores olharam para os efeitos dessas drogas, juntas ou separadas, sobre o DNA empacotado dentro das células cancerosas. O DNA das células passa a maior parte do tempo enrolado em proteínas chamadas histonas. Para a sobrevivência e multiplicação das células, essas sequências de DNA precisam ser desenroladas dessas proteínas histonas para poderem ser “lidas” ou copiadas.

No caso das drogas mencionadas no estudo, a droga RAPTA-T promove a formação de agregados com as proteínas histonas, o que interrompe o processo de desenrolar normal do DNA e fazem com que a célula morra. Em contraste, a auranofina por si tem pouca capacidade de formar tais agregados.

Porém os pesquisadores descobriram que juntas as duas drogas formam muito mais agregados com as histonas, o que resulta na maior eficácia em matar as células cancerosas, enquanto que individualmente, os fármacos têm um impacto consideravelmente menor na morte celular.

*Texto escrito pela aluna de doutorado Maíra Macedo Norões, do programa de pós-graduação em farmacologia da UFSC.

Carlos Rogério Tonussi

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