Quimioterápico afeta habilidades mentais dos sobreviventes de câncer infantil

09/06/2016 23:37

Crianças com leucemia linfoblástica aguda (LLA) tratadas com doses mais elevadas do quimioterápico metotrexato têm mais possibilidade de sofrer alterações mentais que resultam em dificuldades na organização e execução de habilidades. Os resultados foram publicados on-line na edição desta semana no jornal científico Clinical Oncology. Com as taxas de sobrevivência dessa doença aumentando, os cientistas estão preocupados em entender melhor como reduzir os efeitos tóxicos dessa quimioterapia no cérebro, que, por vezes, pode se manifestar muito tempo depois de terminado o tratamento.

Neurônios confusos

Exames de imagem mostraram que níveis sanguíneos elevados de metotrexato, durante o tratamento para LLA, foram associados com alterações anatômicas e funcionais em regiões do cérebro envolvidas com a flexibilidade mental, planejamento, raciocínio e outras habilidades relacionadas ao funcionamento executivo. As imagens documentaram várias alterações, incluindo aumento da atividade na região do lobo frontal (a parte da frente do cérebro). A descoberta sugere que os cérebros destes sobreviventes podem estar trabalhando mais, para compensar a deterioração da função cognitiva.

As imagens mostraram, também, um espessamento do córtex cerebral em regiões pré-frontais. O que sugere maior número de neurônios, e mudanças na substância branca que isola conexões neurais na mesma região. As conexões neurais permanecem, mas com o aumento da concentração de metotrexato no sangue, a integridade da substância branca é afetada, o que poderia prejudicar funções como velocidade de processamento.

Melhor tratamento

Embora tenha variado, os resultados sugerem que o desempenho mental de alguns sobreviventes foi prejudicado de forma moderada à severa.
O metotrexato tem contribuído para taxas historicamente altas de cura para a leucemia infantil. Enquanto alguns pesquisadores estudam formas de reduzir as doses da droga no futuro, outros estudam técnicas para melhorar a função executiva tanto em pacientes em tratamento, como naqueles que sobreviveram ao câncer na infância.

Por exemplo, um estudo piloto avalia se a estimulação elétrica do córtex pré-frontal combinada com o treinamento cognitivo irá melhorar a função executiva em adultos sobreviventes de leucemia infantil.

Carlos Rogério Tonussi
Tags: Câncercérebro