Exames de colesterol e glicose são pouco utilizados em pacientes tomando antipsicóticos

26/05/2016 23:42

Medicamentos antipsicóticos são utilizados no controle de algumas desordens mentais, principalmente a esquizofrenia. As medicações antipsicóticas estão associados ao ganho de peso substancial, bem como alterações na sensibilidade à insulina e metabolismo lipídico, que aumentam o risco de diabetes e doenças cardiovasculares. Uma nova pesquisa da Universidade de Colorado, EUA, constata que poucos adultos que tomam medicamentos antipsicóticos estão sendo avaliados para anormalidades nos lipídios do sangue, que incluem colesterol e triglicérides. A maior ausência destes exames está entre adultos até 40 anos, justamente o grupo para o qual já se sabe que a detecção e a intervenção precoces são mais eficazes em prevenir as doenças cardiovasculares.

Mente e coração

Os adultos com doença mental grave morrem de 20 a 30 anos mais cedo do que a média, em grande parte devido ao aparecimento de problemas como o diabetes, colesterol alto, pressão alta e outras doenças cardíacas. Tomar medicação antipsicótica aumenta esse risco. A American Diabetes Association e a American Psychiatric Association tem recomendado exames mais frequentes de colesterol e diabetes em pacientes que recebem antipsicóticos, mas as taxas desses exames permanecem baixas.

O estudo, publicado 11 de maio na revista JAMA Psychiatry, incluiu 9316 pacientes para identificar fatores associados a pouca realização de testes anuais de glicose e colesterol durante o tratamento com antipsicóticos.

Desconhecimento

O estudo constatou que a falta de testes foi maior entre os adultos de até 40 anos, provavelmente porque é a faixa que apresenta menos doenças crônicas. Ou seja, os médicos que prescrevem, e os pacientes que recebem, não estão atentos para o importante caráter preventivo desses exames, nem para o impacto que os efeitos colaterais desses medicamentos tem sobre o metabolismo e a saúde.

Uma melhor integração da medicina comportamental e serviços de cuidados primários deve ser prioridade de saúde pública.

Carlos Rogério Tonussi
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