Médicos e pacientes no Brasil precisam de mais informações sobre a lepra

12/05/2016 23:31

Uma educação melhor, tanto para pacientes como para médicos, sobre como detectar os primeiros sintomas da hanseníase, ajudaria a reduzir os casos da doença no Brasil, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Birmingham, Reino Unido. Atrasos de mais de 10 anos no diagnóstico têm sido relatados no Brasil. A pesquisa também indica que a redução do estigma social ligado a essa doença infecciosa, que é plenamente curável, incentivaria os portadores no Brasil a procurar mais cedo um tratamento.

O estudo — realizado em clínicas de referência de hanseníase em três cidades brasileiras — descobriu que as pessoas que suspeitavam que tinham lepra, esperaram em média 10 vezes mais tempo antes de consultar um médico para seus sintomas de pele, por medo do preconceito.

Confusão no diagnóstico

O estudo também mostrou que 42% das pessoas pesquisadas relataram que os médicos não diagnosticaram a lepra, também conhecida como doença de Hansen, na primeira consulta, confundindo-a com outras condições como alergia de pele, ou mesmo reumatismo.

Muitos pacientes ainda conhecem pouco sobre os sintomas da hanseníase, que em geral é considerada uma doença que afeta pessoas pobres. Os pesquisadores sugerem o uso de mais recursos de mídia que atinjam com mais eficácia a população, para ajudar a combater a doença.

O cientistas britânicos trabalharam com colegas no Brasil, incluindo o Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru, São Paulo; a Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), São Paulo; e o Centro Referência em Tuberculose e Hanseníase, no Mato Grosso. Esse trabalho foi publicado no jornal científico PLoS Neglected Tropical Diseases.

Estigma social

O estigma em relação aos doentes de hanseníase permanece, apesar da disponibilidade de uma cura. O medo do preconceito social parece ser a principal causa mais para o atraso em procurar ajuda médica. O estudo recomenda que campanhas nacionais de saúde sejam utilizadas para informar o público de que a hanseníase é curável e prevenível. Quase metade dos participantes (45,1%) esperou antes de consultar um médico, porque eles não acreditaram que seus sintomas eram graves. Já em relação ao sistema de saúde, a principal razão para o atraso no tratamento foi o erro de diagnóstico. Esses atraso no diagnóstico talvez fosse diminuído se outros sintomas, além das tradicionais áreas sem sensibilidade na pele, fossem considerados pelos médicos para o diagnóstico da lepra.

A OMS recomenda desde 1981 o uso combinado de três medicamentos: a dapsona, a rifampicina e a clofazimina. O tempo de tratamento varia entre 6 e 24 meses, porém, após 15 dias de tratamento os portadores já não transmitem mais a lepra.

Carlos Rogério Tonussi
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