Sabia que o medicamento captopril é feito do veneno de cobra?

03/03/2016 23:36

Jararaca brasileira

A jararaca brasileira (Bothrops jararaca) é uma espécie de víbora da América do Sul e é uma das maiores responsáveis por picadas de cobra na região. É a cobra venenosa mais conhecida nas áreas ricas e densamente povoadas do Sudeste do Brasil.

Ela usa seu veneno para fazer a presa perder a consciência devido à queda da pressão arterial. Causa inchaço local, petéquias (pequenas manchas vermelhas ou roxas causadas por hemorragias na pele), nódoas negras e formação de bolhas, mas também o sangramento das gengivas, hemorragia e sangue incoagulável. Esses sintomas podem ser potencialmente fatais.

Dizem que os indígenas locais usavam o veneno da jararaca em suas pontas de flecha para induzir a perda de sangue e choque. Com base no conhecimento publicado por cientistas brasileiros, não demorou muito para que uma empresa hoje conhecida como Bristol-Myers Squibb patenteasse uma droga baseada nesse veneno.

Contra hipertensão

Esse medicamento é o Captopril. O fármaco age com um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA), que foi desenvolvido a partir de uma pequena proteína encontrada no veneno dessa serpente pelo cientista brasileiro Sérgio Henrique Ferreira, em 1965. O Captopril desliga um dos principais mecanismos do corpo para causar a constrição dos vasos sanguíneos.

Assim, causa o relaxamento desses vasos sanguíneos, bem como a queda na pressão. Com isso o coração trabalha com mais folga, precisando de menos oxigênio. Os inibidores da ECA hoje em dia também são usados para tratar a insuficiência cardíaca congestiva, além de doenças cardiovasculares e renais.

Hemocoagulase

Mas não é só isso não, do veneno dessas cobras do gênero Bothrops, como a jararaca ilhoa, por exemplo, retiram uma enzima que é ajuda na coagulação sanguínea. Essa enzima é muito importante em muitas situações em que a coagulação sanguínea da pessoa está comprometida.

Pacientes que precisam fazer uso crônico de anticoagulantes correm riscos sérios de hemorragias se precisarem de uma cirurgia, por exemplo. A hemocoagulase ajuda esses pacientes na cicatrização das incisões, depois da cirurgia.

Carlos Rogério Tonussi

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