Medicamento de baixo custo para asma pode rejuvenescer cérebro idoso, sugere estudo.

05/11/2015 16:55

Uma droga usada para prevenir ataques de asma em crianças e adultos, o montelukaste, podem ajudar a reverter o envelhecimento do cérebro, de acordo com um estudo em ratos.
Os pesquisadores descobriram que um tratamento de seis semanas com a droga, melhora a memória e a aprendizagem em roedores mais velhos, com seu desempenho em testes cognitivos quase correspondentes a de animais mais jovens.

A droga parece funcionar através de uma combinação de efeitos que reduzem a inflamação no cérebro e estimulam o crescimento de novos neurônios em uma região-chave chamada hipocampo. A droga não melhorou o desempenho dos animais jovens no estudo, o que significa que ela não funciona meramente como um estimulante.Melhor idade

A perda gradual de memória e habilidades cognitivas andam de mãos dadas com a desaceleração no crescimento de novas células cerebrais e o aparecimento de pontos de inflamação no cérebro.

Doses diárias de montelucaste foram dadas a ratos de 4 e de 20 meses de idade, este último equivalente em idade a seres humanos entre 65 e 70 anos. Os ratos mais velhos mostram o mesmo tipo de declínio mental que os seres humanos idosos.

Treinados para encontrar nadando, uma plataforma em uma piscina, após cinco dias de tentativas, os roedores mais velhos ainda tinham dificuldade em localizar a plataforma, mas os tratados podiam encontrar quase tão bem quanto os mais jovens. É encorajador que um tratamento existente para a asma também melhore a memória em ratos mais velhos, reduzindo a inflamação no cérebro. Esses achados devem orientar futuros estudos em pessoas.

Redefinindo usos terapêuticos

Outros testes analisaram a forma como os animais se comportavam quando objetos familiares em suas gaiolas foram movimentados. Os animais jovens passam mais tempo verificando objetos movidos de seus lugares, o que sugere aos pesquisadores que eles tem melhor memória de sua posição original. Os roedores velhos tratados com a droga se comportaram de forma semelhante.

Os cientistas examinaram seções dos cérebros desses ratos e descobriram que os animais mais velhos tratados com o montelukaste tiveram mais crescimento de neurônios novos do que seus semelhantes não tratados. Eles também não tinham sinais de inflamação em seus cérebros.

Esses pesquisadores, de uma universidade em Salzburg, Áustria, decidiram estudar os efeitos do montelucaste sobre o envelhecimento do cérebro depois que outros cientistas descobrirem que a eotaxina, uma molécula inflamatória envolvida na asma, aumentava no sangue das pessoas mais velhas e parecia contribuir para o declínio mental.

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Então, eles se perguntaram se outras reações ligadas à asma também poderiam ter um impacto sobre o funcionamento do cérebro, influenciando a inflamação neste órgão e dificultando o crescimento de novas células cerebrais. A escolha do montelucaste foi porque ele bloqueia inflamação na asma e, eventualmente, poderia fazer o mesmo no cérebro também.

A abordagem de redefinição de objetivos para medicamentos já existentes é promissora, uma vez que pode significar que novos tratamentos para a demência se tornem disponíveis na metade do tempo que costuma levar para desenvolver um novo medicamento a partir do zero — trazendo mais esperança à centenas de milhares de pessoas.

Os cientistas agora esperam começar um ensaio clínico em doentes com demência, para ver se a droga também tem efeitos benéficos sobre o cérebro das pessoas. Mas os pesquisadores podem ter dificuldades em realizar grandes testes em humanos, porque ela não é mais protegida por patentes, logo, possíveis investidores não terão a expectativa de grandes lucros com esse medicamento.

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Carlos Rogério Tonussi

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