a polêmica da fosfoetanolamina: será que já temos a cura do câncer e não sabemos?

15/10/2015 16:43

O que é fosfoetanolamina?

É uma molécula muito simples e está presente nas membranas das nossas células. Ela é conhecida dos cientistas desde 1936, e por ter sido descoberta em tumores de bois, foi estudada de várias maneiras em laboratório para saber o que ela tinha à ver com o câncer. É verdade que em vários estudos, sempre em células isoladas de câncer ou em animais de laboratório, a substância funcionava como um inibidor do crescimento de tumores. Mais recentemente, químicos da Universidade de São Paulo, em São Carlos _ SP, aprenderam a sintetizar a fosfoetanolamina e fizeram vários estudos com ela em parceria com outros pesquisadores na área do câncer. O efeito anticâncer dessa substância foi confirmado em modelos vários tipos de câncer, mas sempre em laboratório, nunca em humanos.

Distribuição autorizada

Por não ser considerada tóxica, a fosfoetanolamina (ou fosfamina) foi entregue gratuitamente por anos. Inclusive havia parceria com um hospital na cidade de Jaú _ SP. Porém, em 2014, a USP de São Carlos determinou que as substâncias experimentais deveriam ter todos os registros necessários antes que fossem disponibilizadas à população. Com isso, as cápsulas, que não têm a licença da Anvisa, passaram a ser distribuídas somente mediante decisão judicial. Em 28 de setembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo havia revogado todas estas liminares, cerca de 800. No entanto, no último dia 9, o TJ-SP voltou atrás, de forma que todos agora podem obter a substância na Universidade. Com a nova decisão, prevê-se uma corrida judicial de novos pedidos para obter a fosfoetanolamina, o que causará problemas para a Universidade de São Paulo, em São Carlos, que não dispõe de estrutura para a produção em massa.

Funciona ou não?

É verdade que para a segurança da própria população, existe um sistema rígido para a avaliação de substâncias para uso médico. O método científico nos ajuda a separar os bons medicamentos daqueles que não funcionam, ou que podem ser muito tóxicos para as pessoas. Porém, apesar de não terem feito até hoje nenhum estudo clínico com a fosfoetanolamina, existe um considerável número de pessoas que a utilizaram e afirmam ter conseguido melhora clínica. Nós temos hoje no Brasil todas as condições para que se faça um estudo sério com a fosfamina. As pessoas com câncer e seus familiares devem pressionar o Ministério Público para que providências sejam tomadas nesse sentido. Um bom exemplo a ser seguido, é aquele dado pelos portadores de HIV nos Estados Unidos, que há 30 anos atrás forçaram o FDA (a Anvisa dos americanos) a mudar suas estratégias em relação a aprovação de novos medicamentos para a Aids.

Carlos Rogério Tonussi

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