Pesquisadores da Universidade da Califórnia estudam fármaco para doença de Chagas

30/07/2015 23:10

Um financiamento do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), o Programa de Novos Usos Terapêuticos para medicamentos já aprovados, vai possibilitar a um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia desenvolver um medicamento para o Mal de Chagas. A droga, inicialmente desenvolvida para o tratamento da dor crônica, o SAR114137, de propriedade da Sanofi, é uma grande promessa contra a infecção parasitária que é a principal causa de insuficiência cardíaca na América Latina.

Os pesquisadores apostam que uma propriedade desta droga, que é inibir a enzima catepsina S em humanos, pode afetar também a cruzaína, uma proteína específica do parasita, muito parecida com a catepsina. Isto poderia tratar a doença e prevenir os problemas cardíacos decorrentes dela. Embora existam outras drogas experimentais que façam isso em animais de laboratório infectados, nenhuma ainda está no mesmo estágio de desenvolvimento que o SAR114137.

Doença de pobre

O Mal de Chagas é uma doença tropical negligenciada porque as empresas farmacêuticas não estão interessadas no desenvolvimento de novos fármacos para tratá-la, pois elas não tem uma expectativa de lucro suficiente com eles. Porém, ela afeta mais de 8 milhões de pessoas em todo o mundo e é responsável por mais de 10 mil mortes a cada ano. Esta doença entrou no radar dos americanos desde que se tornou uma infecção emergente na Califórnia. No entanto, ainda não existem terapias aprovadas pela agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos.

Este apoio do NIH permitirá confirmar a atividade antiparasitária do SAR114137 em estudos de laboratório e em animais infectados para, em seguida, testar a sua segurança e eficácia em humanos com a doença. A esperança desses pesquisadores é que este trabalho leve a um tratamento mais eficaz.

Arsenal escondido

O desenvolvimento de novas terapias a partir do zero é um processo complexo, demorado e dispendioso. A duração média de tempo entre a descoberta de um alvo terapêutico até a aprovação de um novo medicamento é de cerca de 14 anos. A taxa de falha durante este processo pode exceder 95%, e o custo por droga bem sucedida pode ser de mais de 2 bilhões de dólares!

A elevada taxa de insucesso no desenvolvimento de medicamentos leva muitas drogas novas, parcialmente desenvolvidas, para o banco de reservas. Elas poderiam ser reaproveitados para usos diferentes daqueles para as quais foram originalmente destinadas. Ao reunir esse arquivo de drogas das empresas farmacêuticas com a criatividade dos pesquisadores acadêmicos, esse Programa de Novos Usos Terapêuticos tenta produzir novos medicamentos de forma mais rápida e barata do que começar do zero.

Carlos Rogério Tonussi

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