Medicamentos antipsicóticos de ação prolongada podem melhorar o tratamento para a esquizofrenia

02/07/2015 15:04

Entre dois mundos

A esquizofrenia, que afeta de 2 a 3 milhões de pessoas nos EUA (1,6 milhão no Brasil), provoca alucinações, delírios e desorganização. Não tratada, a doença pode causar perda significativa na qualidade de vida, incluindo o desemprego e distanciamento de seus entes queridos.

Mas muitas pessoas com esquizofrenia podem controlar a doença e viver sem sintomas por vários anos se eles tomarem disciplinadamente a medicação antipsicótica prescrita, que normalmente é uma pílula diária. O problema é que muitas pessoas não mantém esse tratamento depois que os sintomas melhoram.

Um estudo da Universidade da Califórnia — Los Angeles (UCLA) descobriu que as pessoas que tomaram uma forma injetável de longa ação da risperidona — aplicada a cada duas semanas — tiveram um risco substancialmente menor de recaídas do que as pessoas que tomaram a medicação diária em comprimidos. O estudo saiu na edição de 24 de junho na revista JAMA Psychiatry.

Melhor no início

Esses achados indicam que a forma injetável de longa duração deve ser oferecido a pacientes no início do curso da esquizofrenia. Indivíduos que tiveram um único episódio de esquizofrenia, e que responderam bem à medicação antipsicótica, mesmo que entendam que têm um transtorno mental, muitas vezes duvidam se a medicação ainda é necessária.

Nesse estudo, participaram 83 pessoas recentemente diagnosticadas com esquizofrenia. Metade recebeu a forma oral diária de risperidona e os outros receberam a forma injetável de longa ação. Os pacientes que tomaram o medicamento injetável eram muito mais propensos a ficar com o seu tratamento do que os pacientes que tomaram a forma oral.

Além disso, a forma injetável fez um trabalho melhor de controlar os sintomas psicóticos. Durante o período de 12 meses, apenas 5% dos que tomaram a medicação injetável tiveram o retorno de seus sintomas psicóticos, contra 33% dos que tomaram a pílula.

Mais mielina

Analisando o mesmo grupo de pessoas, os pesquisadores também descobriram que a adesão consistente à medicação antipsicótica levou à melhorias no funcionamento cognitivo dos pacientes.

Exames de ressonância magnética de alguns desses participantes mostraram que a medicação de longa ação também aumentou o quantidade de mielina do cérebro, melhorando a comunicação entre células nervosas. A mielina protege as fibras nervosas, funcionando como a capa de um fio elétrico, impedindo curto-circuitos.

Essa mielina frequentemente diminui nas pessoas com esquizofrenia, o que ocasiona deficiências na função cerebral e cognição.

Carlos Rogério Tonussi
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