Aspirina diária pode bloquear o crescimento do câncer de mama e outros tipos

25/06/2015 18:54

Bloqueando células-tronco

Um estudo publicado na edição de julho do jornal Laboratory Investigation, pesquisadores do Veterans Affairs Medical Center, Kansas City (EUA), mostraram que uma dose diária de aspirina pode ser eficaz em bloquear o crescimento do câncer de mama. O segredo, dizem os cientistas, é garantir que as condições ao redor das células-tronco cancerosas não sejam propícias para sua reprodução, algo que aspirina parece ser capaz de fazer. Apesar dos bons tratamentos atuais, um grande problema ainda é que a doença pode voltar depois de uns cinco ou 10 anos. O câncer tem células-tronco, ou células residuais. Essas células sobreviveram aos agentes de quimioterapia e estarão dormentes até que as condições no corpo sejam mais favoráveis para se reproduzirem. Quando elas reaparecem, podem gerar tumores muito mais agressivos.

Testando

Primeiro, células de câncer da mama foram colocadas em placas de cultura e, em seguida, incubadas com diferentes doses de ácido acetilssalicílico, popularmente conhecido como aspirina ou AAS. A exposição à aspirina aumentou dramaticamente a taxa de morte celular no teste. Para aquelas células que não morreram, muitas ficaram incapazes de se reproduzir. Na segunda parte do estudo, camundongos com tumores agressivos já instalados receberam o equivalente humano a 75 mg de aspirina por dia (menos que um comprimido de AAS infantil), por 15 dias. No final, os animais que receberam aspirina tinham tumores em média 47% menores. Como tratamento preventivo, os investigadores trataram um grupo adicional de animais com aspirina durante 10 dias antes de expô-los às células cancerosas. Após 15 dias, estes camundongos tinham um crescimento canceroso muito menor do que os animais que não receberam o AAS. Os pesquisadores sugerem que a aspirina fez as células cancerosas residuais perderem suas propriedades de auto-renovação. Basicamente, elas não podiam crescer ou se reproduzir.

Risco x benefício

Os pesquisadores sugerem que a aspirina poderia ser dada após a quimioterapia para prevenir recaídas e manter a pressão sobre as células residuais. Mas também poderia ser usada de forma preventiva. No entanto, recomendam aos pacientes consultarem um médico antes de iniciarem um regime diário de aspirina. A droga é conhecido por dificultar a coagulação do sangue e aumentar o risco de hemorragia gastrointestinal. Médicos e pacientes devem analisar esses riscos contra os riscos do câncer, porém essa dosagem diária de aspirina já é recomendada por cardiologistas para prevenir doenças vasculares após os 50 anos.

Carlos Rogério Tonussi

 

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