Corticoides não são melhores que o placebo para a dor ciática
Corticoides são receitados para melhorar o desconforto da dor ciática — dor nas costas e perna geralmente causada por uma hérnia de disco na região lombar. Um novo estudo, porém, mostra que os corticoides não são mais efetivos do que um comprimido de placebo e melhoram apenas um pouco a funcionalidade geral do paciente. A ciática afeta cerca de um em cada 10 pessoas, dizem os pesquisadores.
Para este estudo, 269 pessoas com dor ciática foram distribuídos aleatoriamente para tomar um corticoide oral (prednisona) ou um placebo (um medicamento simulado) durante 15 dias. O estudo, que foi realizado entre 2008-2013, e incluiu adultos que tiveram dor irradiando na perna e nádega por até três meses. Os participantes foram acompanhados por até um ano.
Corticoide x Placebo
Todos tinham hérnia de disco como causa da dor, confirmado por uma ressonância magnética. Metade recebeu tratamento de curta duração de corticoides — 20 miligramas três vezes ao dia durante cinco dias; em seguida, duas vezes por dia durante cinco dias; e uma vez por dia durante cinco dias — totalizando 600 miligramas.
A outra metade dos pacientes receberam o placebo — pílulas de aparência idêntica, mas sem o fármaco — seguindo o mesmo esquema de administração. Os pacientes tratados com corticoide declararam uma pequena melhoria na funcionalidade, na 3ª semana e após um ano do tratamento. Mas a dor foi similar para ambos os grupos. Este novo estudo descobriu que depois de um ano, o número de pacientes encaminhados para cirurgia da coluna não foi menor para aqueles que tomaram prednisona do que para aqueles que tomaram o placebo.
Cirurgia, em último caso
A descoberta não fecha a porta para os corticoides como tratamento. Em vez disso, ela fornece informações para pacientes e médicos decidirem em conjunto a melhor opção de tratamento. Algumas pessoas ainda podem optar por usá-lo. Os tratamentos usuais para a ciática ocasionada por hérnia de disco incluem os corticoides orais, medicamentos anti-inflamatórios, fisioterapia, ou injeções epidurais de corticoides. Quando tudo isso falhar, a cirurgia é uma opção. Esse estudo foi publicado na edição de maio do Journal of the American Medical Association (JAMA).
Carlos Rogério Tonussi
