Luz substitui a agulha: Medindo o açúcar no sangue, sem sangue!

22/01/2015 17:56

Foto: Empa / DivulgaçãoNo Brasil, os nascimentos prematuros correspondem entre 6,5% a 9% do total de nascimentos, seguindo a tendência de outros países. Se ocorrer hipoglicemia nestes bebês por mais de uma hora, o cérebro pode ser afetado. A fim de evitar isso, os níveis de açúcar no sangue precisam ser medidos em intervalos regulares, o que, até agora, significava a coleta repetida de amostras de sangue.
No entanto, isso é praticamente impossível já que a perda de sangue e estresse é muito grande. Pesquisadores do Hospital Universitário de Zurique desenvolveram o sensor Glucolight, que mede o nível de açúcar no sangue, sem precisar de qualquer sangue.

Tecnologia sem agressão

O Glucolight poupa os bebês prematuros dessas coletas e permite que o nível de açúcar no sangue seja monitorado permanentemente graças à nova tecnologia do sensor de medição, que compreende várias partes: a cabeça de medição por microdiálise, com uma membrana “inteligente”; fontes de luz; uma bomba; e um chip de microfluídica com um fluorímetro. Tudo desenvolvido no Hospital Universitário de Zurique e pelo Instituto de Tecnologia e Materiais da Suíça (Empa).

A membrana inteligente contém moléculas especiais, chamadas espiropiranos. Se luz ultravioleta (UV) incide nessas moléculas, elas se tornam eletricamente carregadas (polares). Quando iluminadas com luz visível, elas voltam ao normal, sem carga elétrica.
Como resultado, se irradiadas com luz UV a membrana “suga” as moléculas de glicose da pele, que passam de forma fácil através dela. Se irradiada com luz visível, muito menos moléculas de glicose vão passar através da membrana.

Laboratório em um chip

A cabeça de medição, que tem cerca de três centímetros de tamanho, é presa à pele do bebê e alternadamente iluminada com luz visível ou UV. Do outro lado da membrana, a glicose que atravessa é misturada com um líquido e bombeada através do chip de microfluídos, onde enzimas são adicionadas para desencadear uma reação. Essa reação química emite fluorescência (como vagalumes microscópicos), que é então medida por um fluorímetro. Quanto mais intensa é essa fluorescência, significa que tinha mais glicose na membrana. Um computador usa essas leituras para calcular o nível de açúcar no sangue do bebê.

Em um futuro próximo essa tecnologia também poderá ser usada para monitorar pacientes diabéticos, por exemplo, ou até realizar vários tipos de exames de “sangue” no próprio consultório médico.

 

Carlos Rogério Tonussi

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