Relaxante muscular pode ser um novo tratamento para uma forma rara de diabetes

27/11/2014 17:34

Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBSUm relaxante muscular chamado dantrolene poderá ser um tratamento para uma forma rara de diabetes, a síndrome de Wolfram. Esta síndrome geralmente causa diabetes tipo 1 em crianças muito novas que precisam de injeções de insulina várias vezes ao dia. Ela também causa perda de audição, problemas de visão e dificuldade de equilíbrio, afeta uma em cada 500 mil pessoas em todo o mundo, e muitos pacientes morrem até os 40 anos.

O dantrolene impede a destruição de células beta produtoras de insulina, tanto em modelos animais de síndrome de Wolfram como em células cultivadas de pacientes que têm a doença. Os resultados foram publicados na edição online da revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).

De células para pessoas

Os pesquisadores descobriram que uma quantidade elevada da enzima calpaína 2 é a principal causa de morte em células do cérebro e células produtoras de insulina. O fármaco dantrolene bloqueia esta enzima e também previne a morte das células do cérebro, em modelos animais e celulares do distúrbio.

Os testes em pacientes adultos começarão em breve e, em caso de sucesso, se estenderiam a crianças. O dantrolene é normalmente receitado para tratar a rigidez muscular causada por lesões no cérebro ou medula. Se for eficaz em pacientes com síndrome de Wolfram, o dantrolene também poderá ser um tratamento viável para pacientes com formas mais comuns de diabetes, pois a calpaína 2 está hiperativa em modelos celulares das formas mais comuns de diabetes.

Células tronco

Os pesquisadores também estudaram os efeitos do dantrolene sobre as células-tronco cultivadas a partir da pele de pacientes com Wolfram e seus parentes próximos. As células tronco receberam fatores de crescimento para se transformarem tanto em células do cérebro como em células produtoras de insulina. As células que vieram de pacientes Wolfram produziram altos níveis de calpaína 2, que as levou a morte. Porém, quando estas células receberam o fármaco, os níveis da enzima diminuiu, e as células pararam de morrer.

Por fim descobriram que o dantrolene não é tóxico para as células saudáveis doadas por parentes dos pacientes. Isso é muito importante pois sugere que os pacientes tratados com a droga, poderiam receber as células tronco sadias dos doadores e serem curados, pois a droga não prejudicaria as células enxertadas.

Carlos Rogério Tonussi

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