Novo tratamento para a artrite reumatoide poderá baratear o custo por paciente no SUS

13/11/2014 08:49

Foto: Andréa Graiz / Agencia RBSUma nova combinação de drogas para a artrite reumatoide trata a doença tão bem como outras estratégias de tratamento intensivo, mas com menos medicação e menos efeitos colaterais, e a um custo significativamente mais baixo.
Pesquisadores do Hospital Universitário de Leuven (Bélgica) descrevem essa combinação em um estudo publicado na revista Annals of Rheumatic Diseases. A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune crônica, que causa a dor e rigidez nas articulações, fadiga, danos ósseos e, eventualmente, a perda de mobilidade. A AR atinge cerca de 0,5% a 1% das pessoas no mundo ocidental.
No Brasil estima-se que 1 milhão de pessoas convivam atualmente com a doença. Por não haver cura para a AR, os médicos concentram o tratamento nos sintomas da doença. As terapias têm melhorado nos últimos anos, e os estudos clínicos mostram que o tratamento intensivo precoce da AR pode prevenir lesões articulares e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Tratando do início

Neste estudo de dois anos, chamado de “CareRA” (Cuidados na AR inicial), pesquisadores e clínicos na unidade de reumatologia da Universidade de Leuven examinaram várias combinações de medicamentos para a AR inicial. A intenção era encontrar a combinação e dosagens ideias de três drogas antirreumáticas comumente prescritas (metotrexato, sulfassalazina e leflunomida), em combinação com glicocorticoides (anti-inflamatório esteroide).

Os pesquisadores dividiram 290 pacientes com AR inicial em três grupos de tratamento. Cada grupo recebeu uma combinação terapêutica diferente: Cobra Clássico (metotrexato, sulfassalazina e uma dose inicial alta de glicocorticoide), Cobra Magro (metotrexato e uma dose moderada de glicocorticoides) ou Cobra Avançado (metotrexato, leflunomida e uma dose moderada de glucocorticoides).

Os três tratamentos mostraram alta eficácia, com a remissão da doença conseguida em 7 de 10 pacientes após 16 semanas de tratamento. Porém, a estratégia Cobra Magro, que exige menor quantidade de medicação, teve apenas metade dos efeitos colaterais.

Boa e barata

Os altos valores de remissão conseguidos com estas combinações de tratamento nunca foi relatado em nenhuma pesquisa no mundo. Fármacos corticoides e o metotrexato são muito baratos. Adotar esta terapêutica significaria uma economia substancial para os cofres públicos, visto que as crescentes demandas judiciais pela importação dos biofármacos (infliximab, etanercep, etc.) tem aumentado sobremaneira os gastos do SUS.

No momento, o tratamento da AR não está adequadamente padronizado no Brasil, e isso leva a ineficiências de tratamento. Como resultado, mais pacientes necessitam das caras terapias antirreumáticas de segunda-linha, conhecidas como biofármacos, que pode custar em média R$ 50 mil por ano por paciente, apenas para um dos biológicos mais comuns hoje, o infliximab.

Em comparação, a estratégia Cobra Magro custaria menos de R$ 3 mil por ano por paciente. Em outras palavras, podemos tratar mais de 15 pacientes com o mesmo custo de um ano de tratamento com um biofármaco.

Carlos Rogério Tonussi

Tags: AnalgésicoAuto-imunecorticoideInflamaçãoLeflunomidametotrexato