Medicamento para epilepsia reduz a dose de morfina e controla melhor a dor
A morfina é um poderoso analgésico extraído do ópio, um líquido leitoso retirado das flores da papoula. Para dores agudas intensas como fraturas e cirurgias, ou dores crônicas como no câncer, não tem melhor solução. Para a dor neuropática, no entanto, a morfina sozinha pode não ter muito efeito. Porém, a adição de um medicamento comum para epilepsia, a carbamazepina, a um tratamento com morfina pode resultar em melhor controle da dor com menos efeitos colaterais, de acordo com uma equipe de investigadores da Universidade de Indiana, EUA. Essa mistura pode trazer grande alívio para muitos pacientes com dor neuropática, uma dor difícil de tratar, muitas vezes sentida nos braços e pernas e que é causada por lesão nos nervos devido a acidentes, cirurgias, diabetes e até a própria quimioterapia do câncer.
Dor e sódio
Usando ratos de laboratório, esses cientistas descobriram que, enquanto a morfina havia perdido sua eficácia de alívio da dor, três semanas após a lesão do nervo, uma terapia de combinação de morfina e carbamazepina foi capaz de reverter essa perda de ação da droga. Suas descobertas foram publicadas na revista PLoS ONE. A morfina e drogas opioides semelhantes, como o tramadol por exemplo, podem resultar em dependência e produzem efeitos secundários tais como depressão respiratória, náuseas, obstipação intestinal e outros problemas. O mais curioso, porém, é que tais medicamentos usados continuamente podem causar mais dor, uma condição chamada de hiperalgesia induzida por opioide. Esses pesquisadores descobriram que a morfina usada prolongadamente torna as fibras que detectam a dor mais sensíveis ao sódio _ aumenta a quantidade de canais de sódio _ disparando com mais facilidade e causando mais dor.
De ratos para humanos
A combinação dos dois medicamentos poderia impedir as doses crescentes de morfina que às vezes são prescritos para o alívio da dor na clínica. A carbamazepina bloqueia os canais de sódio que são aumentados pela morfina. Os opioides são fármacos muito importantes. Se for possível diminuir as doses necessárias para o alívio da dor, então você temos algo fantástico. Uma vez que ambas as drogas já são aprovados para uso, os médicos testaram essa combinação em pacientes em um pequeno estudo clínico na Universidade de Indiana, resultando em relatos de melhora significativamente no manejo da dor.